ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE ENFERMAGEM

Seção Mato Grosso do Sul

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Entrevista n. 6 Profa Dra Cassia Barbosa Reis

Na primeira Roda de Tereré convidamos as seis presidentes de gestões anteriores da ABEn seção MS, para uma entrevista, sobre sua motivação e participação na entidade de classe.

A nossa sexta e última convidada, é a enfermeira, professora Cassia Barbosa Reis, presidente da Associação Brasileira de Enfermagem ABEn seção MS gestão 2016 – 2019.

Possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Estadual de Maringá (1990), mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2005) e doutorado no Programa de Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2012). Foi Presidente da ADUEMS gestão 2020-2021. É professora assistente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul na área de Enfermagem em Saúde Coletiva e Metodologia da Pesquisa. Realiza projetos de extensão e pesquisa nas temáticas de Processo de Enfermagem, Classificação Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE), adolescência, doenças infecciosas e saúde prisional.

Cassia, obrigada por ter aceito o nosso convite. Quem foram as pessoas que te inspiraram a fazer este trabalho e assumir a responsabilidade de conduzir a ABEn MS?

Quando cheguei no estado, comecei a trabalhar na Enfermagem. A Enfermeira Sueli de Oliveira me convidou para participar e contribuir nos trabalhos da ABEn. Eu já era associada da ABEn e participava dos congressos e assim aceitei o desafio e o convite para integrar o grupo para compor a ABEn seção MS. Nessa época, em 2010, eu tinha recém ingressado na UEMS, e comecei a falar da ABEn nas unidades onde ia. O detalhe importante que eu resido no Interior, então perguntava: o que fazer pela ABEn rmorando em uma cidade no interior. E assim conhecia a ABEn nacional, mas pouco ou nada da ABEn seção MS. E desde essa época eu participo da Diretoria da ABEn e fui presidente na gestão 2016-2019

Quais foram os desafios na gestão da sua Diretoria?

Além de presidente, eu também integrei a Diretoria da ABEn Nacional gestão 2019-2020, e foi muito interessante e desafiador, como Diretora de Estudos e Pesquisas na ABEn Nacional e isso durante a pandemia. Esse contexto, mudou muito, das reuniões presenciais para on line. Os deslocamentos demandam tempo e gera despesas A ABEn MS não dispõe de recursos financeiros para custear as suas atividades, pois depende da adesão e pagamento da anuidade pelos associados. Quando eu fiz campanha para assumir a Presidência da ABEn eu propus ampliar o número de associados com a participação. de enfermeiros no Interior. E verifiquei a dificuldade de ter a participação de enfermeiros para uma entidade que, penso eu, muitos desconhecem a história e real finalidade da ABEn e não dá retorno visível, individual para a pessoa. As pessoas me perguntavam, o que a ABEn me oferece em troca? A gente até tentou mostrar as vantagens como descontos na inscrição em eventos, brindes, mas a participação em Congressos nacionais de enfermeiros de cidades do interior é pouca. E de fato, não existe uma troca de algo visível, para o indivíduo, mas o retorno é para o coletivo de enfermeiros e a Enfermagem, enquanto profissão. Isso, sempre me deixa intrigada, como um Estado com cerca de 2000 enfermeiros e a seção estadual com tão poucos associados. Isso é frustrante e ainda não conseguimos ampliar o número de associados. E daí você me pergunta, por que ainda continuo na ABEn MS? E vejo que apesar do pouco conhecimento que as pessoas tem sobre a ABEn, as pessoas me conhecem, como a Cassia, participante da ABEn e isso muito me orgulha.

E quais foram as lições aprendidas?

Eu posso dizer que com a ABEn, eu aprendi muito, e tenho vontade de me envolver com movimentos sociais. A história da ABEn me mostra que é preciso resistir, não podemos desistir. É uma entidade que tem mais de 90 anos. Eu vejo que é preciso investir nos estudantes dos cursos de graduação, nos profissionais jovens e também pensar nos profissionais das outras categorias profissionais, como os técnicos e auxiliares de enfermagem. Precisamos envolver mais os alunos durante a graduação em atividades com a ABEN. Temos vários exemplos de profissionais que participam da ABEn hoje, cujo início foi durante a vida profissional. Aprendemos que a participação da ABEn, nos possibilita ter outras visões de mundo, conhecer outras pessoas e projetos. Assim eu falo, a pessoa que participa da ABEn, precisa pagar a anuidade, mas também participar das atividades, para ter “esse retorno”. Um aprendizado muito relevante para minha vida, foi o convívio com a Professora Telma, que eu conheci através da ABEn, que nos indicava que precisávamos saber o significado de cada palavra. Foi um grande aprendizado sobre a enfermagem, CIPE e isso eu vou levar para toda a vida.

Já se passaram mais de vinte anos desde a criação da ABEn seção MS. O que você considera ser prioritário para uma ABEn, seção MS como entidade de classe.

Em vejo que os profissionais precisam se envolver nas questões políticas da profissão. Eu digo, que além dos temas técnico científicos e éticos, os profissionais precisam se envolver politicamente. Daí logo pensam, que só dá se for pela participação partidária. Eu não excluo, mas eu digo é ter opinião e posição sobre os assuntos e temáticas da nossa profissão Enfermagem. E precisamos problematizar sobre essa não participação da enfermagem nas questões políticas e isso afeta vários aspectos como o piso salarial da enfermagem. Precisamos continuar realizado capacitações e publicações, mas quando falamos de política, cada um já fala de sua posição, direita e esquerda e fica um debate polarizado. Precisamos falar mais sobre a assistência de enfermagem, suas competências e atuação na equipe de saúde. E precisamos falar com os alunos sobre a política profissional, ao longo de sua formação. Temos enfermeiros com uma formação técnica excelente, mas pouco se fala sobre a inserção do profissional na política de saúde e política profissional. Existe um pré-conceito da palavra política: precisamos falar que a base da política são as relações humanas e porque não, a política partidária. E também precisamos conversar com as demais entidades, como Coren e sindicatos. Uma outra dimensão são as atividades de representação da ABEn junto ao Comissão de Integração Ensino Serviço (CIES) Fórum de vacinas e outras instâncias e tem muitas possibilidades.

Cassia, obrigada pelo seu depoimento e somos gratas por sua dedicação e trabalho realizado pela ABEn MS.

Entrevista realizada dia 20/02/2022 de forma presencial.

Enfermeira Margarete Knoch, Secretaria Geral da ABEn seção MS, gestão 2020-2022.

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